Se me pedissem para fazer uma lista das coisas que mais gosto de fazer na vida, planejar viagens estaria no top 3. Amo a ansiedade pré-viagem, aquele friozinho na barriga por ver de perto tudo aquilo que já vi por foto.
Enquanto planejava o Caminho de Santiago li muitos, mas muitos mesmo, relatos de peregrinos. Em blogs, fóruns, livros… Encontrei sites maravilhosos que diziam pelo que eu deveria procurar durante cada trajeto. Algum museu? Algum castelo? Algum restaurante específico? Li também onde estavam os melhores albergues e como reservá-los. Passei dias anotando tudo e a cada nova informação a ansiedade aumentava. A preocupação também: e se eu reservar o albergue e não der conta dos quilômetros? E se eu resolver parar em uma outra vila que não essas que estou anotando? Eram tantos “e ses…” se formando que decidi deixar o caminho me levar. Deixei as anotações em casa e carreguei comigo apenas a ansiedade.
O único que eu precisava realmente planejar era como chegaria a Oviedo, cidade em que iniciaria a peregrinação. Várias e várias simulações diferentes e acabei decidindo pelo ônibus saindo Barcelona.
No dia 24 de maio, peguei um avião até Barcelona, fui do aeroporto até o centro da cidade encontrar meu primo, ele guardaria algumas roupas para mim em sua casa. Eu estava impaciente para chegar em Oviedo e sair andando rumo a Santiago!
Foram 4 horas de viagem de Helsinki até Barcelona e outras 4 horas de espera na cidade. Meu primo me fez suco, me deu um pacote de cereal com chocolate – para comer andando quando der fome, ele disse, vários abraços e beijos de boa sorte. Corri para o ônibus, minha vontade era contar para todos que cruzassem meu caminho o que eu estava indo fazer. Me controlei, claro.

Meu Caminho começou no dia que decidi fazê-lo, mas as emoções mais inesquecíveis começaram quando entrei naquele ônibus. Era real, meu sonho adolescente estava a apenas 12 horas e 900 quilômetros de distância.
Carregava comigo duas revistas para ler no trajeto, mas acabei não abrindo nenhuma das duas, minha cabeça estava a mil. Sentei no primeiro banco, bem atrás do motorista e uma senhora se sentou do meu lado. Como uma boa espanhola, em pouco tempo de viagem já tinha feito amizade com vários outros passageiros, entre eles eu. Mesmo sem que eu perguntasse, me contou que era de Burgos (e era para lá que estava indo) e que havia ido a Barcelona apenas para resolver um problema com um inquilino de um apartamento que tinha alugado. Quando o telefone dela tocou, pude ouvi-la contar para quem quer que seja que eu estava indo para Oviedo, mas que ela não sabia ainda se eu era de lá e morava em Barcelona ou estava indo só a pesseio, mas que assim que descobrisse repassaria a informação. Espero que ela tenha contado que eu estava era indo caminhar um pouco mais de 300 quilômetros!
Durante o trajeto pude ver algumas flechas indicando o caminho. Cada flecha um sorriso. Nem as diversas paradas que o ônibus fez – pinga-pinga, sabe? Nem o coral de ronco dos outros passageiros conseguiram estragar o meu humor!

Bom Caminho!!!! vc vai adorar, já fiz 02 vezes o Caminho Frances
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